Inclusão de alunos especiais é foco do PNE

Inclusão de alunos especiais é foco do PNE

Hoje tivemos mais uma matéria sobre a questão polêmica que esta envolvendo as escolas como as APAES DO BRASIL.  Veja matéria completa abaixo :
Escolas como a Apae podem deixar de receber recursos federais e talvez até fechar as portas.
Fonte:( GABRIEL DUARTE/ AGÊNCIA BOM DIA  gabrield@bomdiabauru.com.br )
Patrícia Lacerda/ Ag. BOM DIA             
Pais, professores e alunos defendem os serviços prestados pelas Apaes .
Caso haja aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), o Ministério da Educação (MEC) pretende iniciar um processo de inclusão à rede pública de ensino dos portadores de deficiências, como autismo, downs e paralisias cerebrais. Para isso, já a partir de 2016 não serão mais feitos repasses de verbas do Ministério de Educação para instituições de ensino especiais. Este é o caso da Apae (Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais), que sem o repasse da verba, pode ter que fechar suas portas. “Eu não imagino como seria minha vida sem a Apae, a gente não tem condições financeiras, sem essa ajuda eu nem sei te dizer o que eu ia fazer”, opina Isabel Cristiane Garcia Soares, 30. Ela mora em Piratininga e todos os dias traz seu filho, Daniel, para ser atendido na Apae de Bauru. Com hidrocefalia e paralisia, ele precisa de cuidados especiais; como fisioterapia, acompanhamento pedagógico e um local adaptado às suas necessidades. Na Apae ele encontra tudo isso.
Isabel, enquanto seu filho é atendido, participa do encontro semanal com outras mães de pacientes. Nesses encontros, além de fazer artesanato, elas também recebem acompanhamento psicológico. Jaqueline Gouverini, 39, também participa do grupo e é categórica ao falar da instituição. “Sempre tive muita fé no trabalho deles”, afirma. Ela conta que seu filho, Afonso, que possui um comprometimento muito alto, é atendido pela entidade há mais de 10 anos, hoje ele tem 19 anos. Este acompanhamento foi decisivo para o desenvolvimento de Afonso. Jaqueline chora ao lembrar do dia em que num ônibus, uma outra mãe chorou ao ver a alegria de Afonso, ela também tinha um filho com o mesmo grau de deficiência, mas sem um acompanhamento especial, ele vivia recluso. Já Afonso, no dia desse encontro, estava indo para mais um encontro na Apae. De alegria, até cantava.
E não era para menos. Na instituição ele encontra toda uma estrutura pensada para o seu desenvolvimento. As salas de aula possuem um número reduzido de alunos, cerca de oito. E, além do professor, mais dois profissionais prestam auxilio no desenvolvimento pedagógico. Os alunos chegam na Apae às 07h30 da manhã. Ao longo deste período, são feitas atividades pedagógicas, aulas de recreação, como música e artesanato, atendimento médico e fisioterapêutico e acompanhamento psicológico para os alunos e as mães. Tanto cuidado é mais que reconhecido. “O que eu puder fazer pela Apae, eu faço, aqui eu encontrei carinho para o meu filho e para mim”, reconhece Jaqueline.
Segundo a psicóloga e pedagoga Maria N. G. Silva a inclusão dos alunos especiais exige muitos cuidados. “Generalizar a inclusão é errado, cada caso é um caso e tem que ter um direcionamento específico”, afirma. Opinião que é compartilhada pela neuropediatra Ana Carolina Akasbergen. “(A inclusão) deve ser feita com cuidado, avaliando caso a caso,  levando-se em conta os inúmeros aspectos envolvidos”, avalia.
Plano Nacional de Educação tem polêmicas e pretensões
Em forma de Projeto de Lei, o Plano Nacional de Educação, é um documento feito pelo Governo Federal com as metas para educação em toda rede de ensino pública. Ao todo são 20 metas que deverão ser colocadas em prática, a partir do momento em que o Plano for sancionado pelo Executivo Federal, e que visam a inclusão e universalização do ensino no país, desde a educação infantil até o ensino superior. A meta quatro, que trata especificamente da inclusão, pretende implantar políticas educacionais que incluam minorias; como populações indígenas, quilombolas e pessoas com necessidade especiais. O ponto polêmico  é que essa  inclusão  pode representar o fim das escolas especiais, como a Apae. Como o plano pretende que a rede regular de ensino cuide da educação dos alunos especiais, não serão mais feitos repasses e convênios, no âmbito do Ministério da Educação (MEC), com escolas especiais . A Câmara dos Deputados já deu parecer favorável à meta 4 do plano. O texto agora segue para o Senado, enquanto as escolas especiais se mobilizam pelo país.
Dificuldades na rede pública
Ao que tudo indica, a rede pública de ensino ainda não esta preparada para fazer a inclusão dos alunos especiais. A reportagem conversou com uma professora da rede estadual. Ela entende que as maiores dificuldades são a falta de profissionais qualificados e a falta de estrutura adequada. Na escola em que trabalha, os alunos com necessidades especiais  recebem o seguinte auxílio para o seu desenvolvimento pedagógico: um acompanhante durante as atividades regulares e, no contra-turno, aulas especiais na sala de leitura. Ela ainda disse que a escola funciona em um prédio antigo; portanto, não há estrutura adequada para a livre locomoção dos deficientes físicos. A quantidade de alunos por salas de aula é outro fator complicador. Para a neuropediatra Ana Carolina Kasbergen muito ainda precisa ser feito.
“É  necessária a modernização  da maioria de nossas escolas para que seja possível atender dignamente estes pacientes. Salas lotadas, espaço físico e materiais limitados dificultam o sucesso da inclusão” afirma. A opinião é compartilhada pela psicóloga e pedagoga Maria N. G. Silva. “Sem um acompanhamento especial, não há aprendizado”, constata.
O difícil caminho para a inclusão 
Cristiane Ramos vive em uma luta constante e, ao que tudo indica, sem data para terminar. Seu filho de 12 anos, P. P. C., possui autismo de alto funcionamento, cujo o diagnóstico é bem difícil de ser estabelecido. Ele sempre foi matriculado na rede normal de ensino.
Neste ano, após se envolver em brigas na escola em que estudava, uma instituição particular de Bauru, a direção do colégio decidiu pela expulsão compulsória. A justificativa foi de que a escola não tinha condições de atender as necessidades do menino.
“Ele nunca se envolveu com brigas e confusões em toda vida escolar, o que ocorreu está dentro do normal para qualquer criança”, afirma Cristiane. Após essa expulsão, a educação do filho tornou-se uma batalha. “Simplesmente os colégios negam a vaga ou pedem o denominado amigo qualificado ou cuidador”. Segundo ela, os custos de matrícula e do “amigo especial ou cuidador” inviabilizam o retorno de P.P. aos estudos.
Ela já procurou a Defensoria Pública e tem um advogado particular cuidando da questão. Atualmente, O caso está sendo investigado  pela Delegacia de Ensino. Sua maior preocupação é com o fato de seu filho, por conta da recusa das escolas da cidade, ter praticamente perdido o ano. “Na verdade não existe inclusão, o que existe é exclusão”, considera. Ela ainda vê com temor a possibilidade do fim da Apae. “É um lugar que oferece um atendimento psicológico especializado e gratuito em autismo”.
MAIS
Apae em Bauru: 
Na cidade, a instituição atende diariamente cerca de 500 pessoas com necessidades especiais. Recebem cuidados desde recém-nascidos até adultos que estão ingressando no mercado de trabalho. Neste ano são cerca de 70 profissionais com deficiência que estão no mercado de trabalho. “É muito gratificante ver o desenvolvimento dos alunos”, afirma Olga Maria Tavares, professora do curso profissionalizante.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.